Tangos de Granada: teoria e prática

Tangos de Granada: teoria e prática

Publicado em: 24 abril, 2025

Quando se fala em flamenco, seus palos e sua história tem diversas origens e por
muitos anos foi transmitida de forma iminentemente oral.
Apenas no século XIX se começou a documentar a teoria e os aspectos do
flamenco, uma arte ainda muito marginalizada, atribuída principalmente ao povo
gitano, que atualmente ainda sofre com grande preconceito por partes da
sociedade.
O que se tem como certo é que o flamenco é um movimento artístico vivo e que
provém de diversos intercâmbios culturais, tendo como base as culturas
espanhola, gitana (cigana), mora (árabe) e sefardita (judia), que nasceu no sul da
Espanha, mormente na Andalucia, e que atualmente tem alcance global.
Quanto a estas quatro culturas que embasam o flamenco, pode-se dizer que
Granada foi seu grande ponto em comum, uma vez que ali todas coabitaram
simultaneamente.
Quando se fala em flamenco de Granada, o seu palo por excelência são os tangos
flamencos, já que foi ali que eles desenvolveram um caráter extremamente
marcante e se ramificaram em diversas variantes.
Quando se fala em tangos, a teoria é, como de costume, incerta.
A teoria mais aceita por grande parte dos flamencólogos aponta que este palo de
compás binário advém da chegada de escravos africanos até então radicados em
Cuba à província de Cádiz, e que dali se espalharam pela Andalucia ocidental,
passando por Sevilha até chegar em Málaga.
Poucos são aqueles que se atrevem a mencionar os tangos de Granada, embora
comumente interpretados por inúmeros artistas ao redor do mundo.
Uma das teorias diz que os tangos flamencos, então de origem afro-americana,
chegaram a Cádiz e se espalharam pela Andalucia inteira, tomando aspectos
regionais em cada província.
Sem embargo, esta teoria parece ignorar outra: a de que os árabes de Granada já
executavam uma música/dança de compás binário intitulada Zambra, muito
parecida aos tangos e que se desenvolveu de forma autóctone na província de
Granada.
Outro aspecto que escapa aos olhos de alguns destes teóricos é que Granada foi
o ponto de confluência das quatro culturas que originaram o flamenco, muito
anterior à chegada desta cultura afro-americana aos portos de Cádiz, o que
ocorreu de fato no século XIX.
Independentemente da teoria que se adote, uma coisa é inegável: Granada baila
por tangos e estes são por excelência o seu hino.
As variedades de tangos de Granada são muitas que ultrapassam mais de quinze,
sejam elas personales (atribuídos a um cantaor ou cantaora específicos) ou
locales (de alguma cidade ou local específico dentro da província).
Dentre as variedades acima mencionadas, pode-se citar os Tangos Paraos, Tangos
de la Flor, El Petaco, Tangos del Río, Tangos Morunos o de la Morería, Salve Gitana,
Morentangos, Tangos de Íllora etc.
Aqui, nos interessam duas destas variedades de tangos regionais que traduzem
bem a tradição granadina: os Tangos del Cerro, provenientes do Cerro de San
Miguel, há poucas centenas de metros da outra variedade originada no
Sacromonte, Tangos Paraos ou Tangos del Camino.

Tangos del Cerro
Cuando me subo en el columpio
La sangre se me precipita
Y si me endiñas con maña
Llega la muerte chiquita
Tu te colocas en frente de mi
Que por si acaso yo me caigo pa tras
Empújale al columpio, empújale al columpio,
empújale al columpio ya

Tangos Paraos ou del Camino
Arriba en el altar mayor,
Ay arribita en altar mayor
Que los santitos a ti no te perdonan
Lo que te he perdonaíto yo
Que los santitos no te perdonan
Lo que te he perdonado yo

Por Ricardo Gutiérrez

Compartilhe essa notícia

Sobre nós

A Escola de Dança Carmen Romero foi fundada em
1993 com o intuito de ensinar a técnica e arte que
envolvem a magia do flamenco.

Whatsapp